O
profissional de comunicação se atualizando constantemente
até mesmo para ampliar seu currículo e se diferenciar
dos demais no mercado de trabalho. Na editoria
de “Turismo” não é diferente. Há conteúdos,
cursos e especializações para quem deseja atuar
na área.
Para ajudar quem deseja falar sobre o assunto,
o jornal The
Guardian fez um chat ao vivo com doze
especialistas para apresentar quais são os pontos
mais importantes a se trabalhar por um aspirante
no assunto. A Rede de Jornalistas Internacionais
fez um apanhado do que foi dito no encontro.
O passo inicial deve ser criar um blog pessoal,
para demonstrar as suas habilidades.
Nele, pode-se escrever sobre os destinos preferidos,
relatar sobre as viagens que fez, e ainda, opinar
sobre o atendimento local e o que chama a sua
atenção quando visita um determinado destino.
Começar a colocar em prática o faro jornalístico
é visto como essencial. Além disso, deve se
portar como um jornalista, buscar fontes e apurar
as informações encontradas.
Não se preocupe com o diploma, mas sim, com
o desenvolvimento da escrita. Dessa forma, poderá
se destacar diante dos demais. É importante
não ter como foco um destino em específico e
utilizar o Twitter como uma plataforma para
estabelecer contatos e seguir personalidades
que escrevem sobre o tema. Quem trabalha em
turismo no jornalismo não pode ter medo de ser
crítico, e para trabalhar de fato com o tema,
poderá encontrar em editoras de guias de viagem
a primeira oportunidade.
CURSOS
DE ESPECIALIZAÇÃO
Para
quem mora em Araguaína, no interior de Tocantins,
há uma novidade que pode surpreender. É o chamado
“desafio jovem”, que está próximo de completar
um ano de vida. Ele reúne seis diferentes disciplinas
em um curso só. São elas: fotografia, jornalismo,
português e redação, informática, línguas estrangeiras
e turismo.
A
inciativa do Instituto Carlos Chagas de Pós-Graduação
(INCAR). Mas, para quem não tem a disponibilidade
para se deslocar até lá, segue uma nova opção.
Editora da revista digital Viagens e Rotas,
Ana Elisa Teixeira recomenda que o profissional
de imprensa ‘viva na prática’ a função. “Infelizmente
os jornalistas de Turismo costumam se aprimorar
em campo”, disse.
Há,
também, workshops e palestras sobre a área,
que, embora não tenham uma ampla divulgação,
pode ser um ponto inicial para manter um contato
próximo com a atividade. No Brasil, porém, não
existe uma pós-graduação ou MBA que aprofunde
a questão. “A maioria das pessoas que entram
nesse mercado está pela qualidade do texto e
pela aptidão por línguas. Aprende mesmo em eventos
relacionado ao trade, em coletivas de imprensa
e até mesmo durante press trips”.
Responsável pelo melhor blog profissional de
Lisboa, conforme prêmio conquistado em 2014,
o jornalista português Filipe Morato Gomes sugere
alguns caminhos que podem ser trilhados. O primeiro
é, justamente, visitar destinos e ter muitos
quilômetros pelas estradas desse mundo. Vivenciar
novas e diferentes culturas, se deparar com
estilos variados de vida, e viajar, viajar muito!
“Só
assim, tendo essa experiência, não se impressionará
facilmente com uma paisagem paradisíaca, com
um hotel de luxo ou com um novo sabor, e só
dessa forma conseguirá escrever textos isentos
da emoção exagerada de quem vê algo pela primeira
vez”. É Para ele, é necessário ter ‘alma de
viajante’ e, claro, credibilidade.
Filipe
alerta, ainda, que é preciso resistir à tentação
de falar bem de tudo ou ignorar propositadamente
as coisas ‘menos boas’. Segundo ele, apesar
do jornalista de viagens “vender sonhos” aos
leitores, a verdade sempre deve ser retratada,
ainda que isso signifique buscar outras fontes
que não os operadores de agências, companhias
aéreas ou das entidades oficias de turismo.
PREPARAÇÃO
NECESSÁRIA
“O
mais importante dessa área é saber diferenciar
o trabalho da diversão. Até porque no turismo,
muitas vezes o profissional vai cobrir viagens
e ele tem que saber separar o profissional do
pessoal”, diz Ana Elisa. A preparação tende
a seguir um roteiro: estudo de mercado, participação
em eventos e, o principal, encarar cada desafio
sem nenhum preconceito.
Se
tiver os requisitos básicos, que são, teoricamente,
domínio sobre inglês e espanhol, o interessado
precisa se aprofundar no conhecimento cultural.
Para tanto, a leitura de jornais do trade de
turismo e reportagens a respeito irá estimular
tal fomento. Agora, se, a partir do que foi
apresentado, já tiver feito todas as etapas,
faça a cobertura de temas que envolvem o setor,
pois, na visão de Ana, ele ainda está engatinhando
e tende a seguir em evolução pelos próximos
anos no Brasil.
O
Ministério do Turismo, por exemplo, tem pouco
mais de 10 anos. “Somente agora que muitas empresas
e órgãos do Governo começaram a investir no
turismo como uma oportunidade promissora para
o crescimento brasileiro”, disse ela, que vê
projeções positivas. “Com a Copa do Mundo que
aconteceu este ano e as Olimpíadas em 2016,
esse setor só prevê crescimento”. Já Gomes ressalta
experiências que viveu, ao longo da carreira,
para mostrar que a tarefa é difícil, mas não
impossível.
Numa
viagem organizada para jornalistas conheceu
Maragogi, litoral de Alagoas, apresentada como
a pérola maior do turismo alagoano. Na reportagem
sobre a região, fez uma narrativa propositiva
sobre o estado, porém, sobre o município, revela
ter ficado chocado com as “piscinas naturais”
que operadores exploravam e que estavam prestes
a destruir o ecossistema local.
De
acordo com Gomes, a situação vivenciada é o
oposto do que um turismo sustentável deve ser.
“Por que fiz isso? Porque os leitores merecem
a verdade e o cronista de viagens não pode ficar
mal com a sua consciência só porque alguém pagou
a sua viagem”. E assim chegamos a mais um ponto
importante: a humanização das matérias. O comunicador
ressalta que é fundamental transmitir emoções,
cheiros, sabores, falar de encontros e desencontros
e não apenas descrever os lugares.
“É
preciso escrever de forma criativa, procurar
novos ângulos de abordagem a uma cidade, encontrar
formas inovadoras de contar uma história. O
jornalismo de viagens é muitas vezes tido como
o parente pobre do jornalismo, e a única forma
de se combater esse preconceito é fazer bem
o trabalho. Sim, jornalismo de viagens é trabalho,
não são férias! E o jornalista tem de encará-lo
como tal!”.
Já
está no ar o especial "O turismo em pauta
no Brasil". Para acessar e ler o conteúdo
completo,clique
aqui.