Editores de blogs e de revistas comentam o perfil do público de matérias sobre Turismo

Por Lucas Carvalho | 17/12/2014 14:15
Elaborar pautas atraentes no gênero Turismo não é tão simples. Veículos que cobrem na área precisam entender seu público, identificar suas demandas e oferecer conteúdo com base em uma série de fatores – assim como em qualquer outra editoria. IMPRENSA ouviu profissionais com experiência no mercado para entender e desenvolver o perfil de um leitor de produções segmentadas em turismo.

Na visão de 

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Priscila de Martini
, editora do caderno “Viagem” da Zero Hora, “todos, de alguma forma, se interessam” por turismo. Ainda assim, é preciso prestar atenção em duas parcelas significativas. “Temos um público bem fiel, que é aquele que viaja bastante. São leitores que já têm uma certa experiência em viagens. Mas também tem um outro que está começando agora e mais um que se interessa por viagens curtas”, explica.

O tema “viagem” pode ser abordado tanto como utilidade quanto como inspiração, segundo a editora-assistente da revista Viajar pelo Mundo, Cristiane Sinatura. “Mesmo que a pessoa não tenha o hábito de viajar, ela pode se interessar pela revista ao vê-la na banca com uma capa bonita e ficar curiosa para saber onde é. Tem o aspecto cultural, que é um interesse geral. Toda viagem (ou matéria de viagem) é uma verdadeira aula, que transmite uma grande quantidade de conhecimento em história, política, arte, costumes…”, afirma.

Na internet, essa soma de fatores básicos se repete. Respeitando, porém, o imediatismo natural dos leitores de blogs e usuários de redes sociais. “O público que procura conteúdo de turismo na internet, ou está planejando uma viagem por conta própria, ou está checando informações para comprar um pacote pronto com segurança, ou está de tocaia para ver se aparece aquela oferta que vai deslanchar uma viagem. Ou então consome informações de viagem de maneira constante, como entretenimento”, diz Ricardo Freire, autor do blog Viaje na Viagem.

Cristiane vai além e traz dados específicos sobre os leitores da Viajar pelo Mundo. Segundo ela, a maior parte do público é feminino (65%), sendo a maioria das classes A e B (78% do total). Cerca de 34% têm entre 35 e 44 anos de idade. Uma tendência que se repete, não exatamente igual, entre outras publicações abordadas por IMPRENSA.

Segundo Priscila, entender os leitores de “Viagem” da Zero Hora permite que a redação produza
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Cristiane Sinatura
 pautas de acordo com os interesses do público. “Uma das características das pessoas que nos leem é que elas gostam muito de participar. Eles contam as próprias histórias, o diálogo é bem grande. Frequentemente, são eles que vendem as pautas”, diz.

Ricardo explica que, na internet, esse feedback é ainda mais notável. Por causa disso, manter o blog Viaje na Viagem atualizado e atrativo para novos leitores é um desafio constante. “O nosso conteúdo fica armazenado online; nossa tarefa é, por um lado, não deixar a informação caducar, e por outro, continuar adicionando conteúdo que responda a novas dúvidas dos leitores, completando todas as peças do quebra-cabeça sobre um destino ou um tipo de viagem. Dessa maneira manteremos o interesse do leitor que traz mais leitores.”

Sair do básico e atrair novos leitores requer atenção aos detalhes. Por isso, é importante renovar as abordagens de destinos já conhecidos do público, mas sem negligenciar o turista inexperiente. “Alguns destinos, como Miami, Orlando, Nova York, Paris, Buenos Aires e Itália em geral são clássicos – notamos um maior interesse do leitor. Nosso desafio é abordá-los de forma diferente e atrativa, que fuja do ‘mais do mesmo’, daquilo que o próprio leitor já sabe – seja por já ter visitado o destino em questão ou por ter pesquisado sobre”, acrescenta Cristiane.

“Uma pessoa que nunca viajou pode se interessar por uma matéria ‘para iniciados’, digamos. A gente tem que falar com todo mundo. Mas, claro, temos que ter alguns cuidados para não afastar o público que já viaja bastante e tem muito conhecimento. Temos que fazer as duas coisas. No momento em que tu conquistas o leitor com o destino certo, ele passa a se interessar mais por outros destinos e quer se informar mais sobre eles”, finaliza Priscila, do ZH.

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Profissionais falam sobre o casamento entre o turismo e a gastronomia

10/12/2014 - Por Gabriela Ferigato

O turismo e a gastronomia andam praticamente de mãos dadas. Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), atualmente o setor representa 2,4% do PIB brasileiro e quase 40% do de turismo. O Brasil possui uma vasta lista de roteiros gastronômicos que, consequentemente, movimentam esse universo.

De acordo com Angélica Santa Cruz, diretora de redação da revista Viagem e Turismo, da Editora Abril, experimentar os sabores locais faz cada vez mais parte dos desejos dos turistas e, consequentemente, dos leitores. Como a publicação é focada em destinos, Angélica afirma que não há uma separação dos lugares exclusivamente por sua “pegada” gastronômica, mas que isso está incluso no “pacotão” de atrações.

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Angélica Santa Cruz, diretora de redação da revista Viagem e Turismo

“À medida que vão ficando mais maduros, os viajantes brasileiros têm até um senso de merecimento maior: eles provam as comidas de rua e as dos restaurantes de preços camaradas, mas também perdem o receio de vez por outra encarar os locais estrelados dos chefs inovadores. Se dar ao luxo de comer muito bem vai crescendo como parte da experiência de uma viagem”, diz.

Desde seus primórdios, o tradicional Guia Quatro Rodas Brasil, que completa 50 anos em 2014, trata a gastronomia como parte obrigatória de cada destino. Na edição especial que chega às bancas agora em novembro, a publicação elaborou uma lista dos 50 Melhores Restaurantes do País, assim como a classificação de 2600 estabelecimentos.

Segundo Angélica, a maneira como a Viagem e Turismo aborda as pautas sobre o tema depende muito do destino. “Quando o lugar pede, esgotamos o assunto: falamos dos novos restaurantes, dos chefs que estão inovando, das tradicionais comidas de rua, dos pratos típicos. Às vezes, a culinária do lugar é a pauta em si”, diz. Como exemplo, cita uma reportagem recente sobre San Sebastián, na Espanha.

Caçadores de experiências

Intitulado como “a maior rede de caçadores de experiências gastronômicas no Brasil”, o Destemperados fechou, em abril deste ano, uma parceria com os jornais Zero Hora, Diário Catarinense, Jornal de Santa Catarina, A Notícia, Diário de Santa Maria e O Pioneiro. O negócio prevê um novo conceito e identidade para o caderno de gastronomia dos veículos.

Além disso, a iniciativa visa expandir esses conteúdos para as plataformas digitais, realizar um festival de gastronomia, entre outros eventos. “Para os cadernos dos jornais, nossa proposta é ampliar o escopo de conteúdos trabalhados, incluindo dicas de restaurantes, informações sobre bebidas e matérias sobre tendências, além das tradicionais receitas”, diz Diego Fabris, sócio e diretor do Destemperados.

Crédito:Reprodução

Projeto reúne turismo e gastronomia no sul do país

Segundo Fabris, cada estado do Brasil apresenta uma surpresa quando passa a ser explorado. Entre os exemplos, ele cita o interior de Minas Gerais, com a riqueza de Tiradentes e a Serra Gaúcha, com o Vale dos Vinhedos, Gramado e os Caminhos da Pedra.

“Nossa ideia é mostrar a riqueza de cada lugar, entendendo suas peculiaridades. Trabalhamos com públicos bem variados. Tem desde o consumidor que quer apenas os lugares confirmados até aquele que só vai atrás do desconhecido. Cada vez mais notamos que as pessoas querem ir naquele lugar que os amigos nunca foram e ter histórias diferentes para contar”, afirma.

Para Angélica, a imprensa é grande aliada em deixar a gastronomia brasileira cada vez mais em evidência, tanto na esfera nacional como na internacional. “Se falarmos em alta culinária, a visibilidade lá fora aumenta com a movimentação dos restaurantes brasileiros em listas classificatórias, com os eventos especializados e a consequente cobertura de veículos. Aqui dentro, a cobertura também é de grande valia. Informação de qualidade tem um poder acachapante”.

 
 
 

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