Trabalhamos, em geral, com públicos e perfis tão
heterogêneos que trazem diferentes desafios. Há
uma moçada que ainda tem jeito, cara e mais comportamento
adolescente. Estão cheios de energia com o celular
na mão, no WhatsApp, no Instagram.... Não adianta
só competir pela atenção. É preciso
fazer parte da vida deles. Devemos mandar mensagens para eles
também. E pedir que publiquem sobre o que os incomoda.
Da mesma forma, o professor pode equilibrar momentos de pura
paciência com aqueles de alertas (às vezes, vistos
como broncas). Há grupos mais experientes que já
fizeram uma primeira graduação e descobriram
que poderiam ser felizes no jornalismo. A eles, os sonhos
são vistos de forma mais pragmática, mais apressada.
Entendo
que seja necessário, seja a qual público a
mensagem for direcionada, ter coragem. É preciso
pedir confiança. Mas vivemos na era de buscas fáceis
e que parecem se frustrar alunos diante das primeiras dificuldades.
Devemos, acho, que estimular a irem além. Quanto
mais transparentes formos, melhor. Mesmo que isso aparente
alguma fragilidade. Não precisamos a todo o tempo
provar autoridade. Que eles tenham mais respeito e menos
medo. Na comunicação, como nem sempre dois
mais dois é igual a quatro, é necessário
que esse caminho seja construído a muitas mãos.
Mas,
claro, um desafio é pedir que leiam mais. Se não
der, a gente tem que abrir o texto e lermos juntos. É
preciso que escrevam mais. Se não der, não
vejo problema em sentar ao lado e tentarmos escrever juntos.
Não acho isso uma atividade paternal. Creio em Paulo
Freire com todo meu coração. Diferentemente
de 20 anos atrás, eles precisam estar convictos que
as oportunidades hoje são muito maiores. Eles são
mais empreendedores e menos tradicionalistas. Como todos
podem publicar, eles passam a ser mais vigilantes com as
consequências do que falam, do que escrevem. Podem
ser mais criativos do que antes, mais ousados. No fundo,
mesmo os mais velhos têm alma adolescente quando entram
em uma sala de aula.